by Telma M.
Como fazer os cálculos para colocar preço num trabalho de arte manual, mais especificamente num trabalho de tecelagem em tear de pente liço? Como se faz a composição de um preço?
Essa pergunta me foi feita, outro dia, por um leitor. Eu respondi a ele através de e-mail, mas percebi que deve haver muitas pessoas que têm a mesma dúvida.
Por isso, resolvi fazer um artigo sobre o assunto, tentando ajudar mais pessoas que trabalham com artesanato e não se sentem seguras na hora de fazer seus preços.
Em primeiro lugar é preciso lembrar que arte tem um valor subjetivo.
O que isso quer dizer?
O que é bonito para uma pessoa pode não ser para outra, depende do sujeito, depende da pessoa. O valor que a arte tem para o artista pode ser totalmente diferente do valor que tem para o consumidor.
O artista não vende apenas seu trabalho, mas vende sua forma de ver o mundo, seus sonhos e sua capacidade de criar objetos e realizar tarefas, sua criatividade; portanto o valor do objeto artístico é muito difícil de ser traduzido em preço.
Já o consumidor compra um objeto que considera importante, bonito ou capaz de lhe trazer poder. Quanto maior for a importância que o objeto representa para o consumidor, mais ele estará disposto a pagar pelo objeto.
Em segundo lugar, é preciso lembrar que artistas consagrados são diferentes de artistas desconhecidos. Quem vai gastar milhões num quadro de um artista desconhecido? Já num quadro de van Gogh tem muita gente disposta a pagar qualquer preço...
Portanto, não adianta o tecelão desconhecido colocar altos preços em seus trabalhos que não vai conseguir vender nenhum.
Em terceiro lugar é preciso lembrar que preços baixos demais são sinônimos de baixa qualidade, por isso poucas pessoas vão se interessar por objetos de arte que custam pouco.
Podemos ficar aqui filosofando até a eternidade, mas o meu objetivo no momento, é tentar montar um preço para um trabalho feito em tear manual de pente liço, então vamos lá:
Há várias fórmulas para definir preços de trabalhos artísticos. Se o preço definido é justo ou não, vai depender do ponto de vista dos envolvidos na transação.
A) Primeiramente, vou falar do método tradicional de se compor um preço:
1) Some os valores gastos com todos os materiais usados para confeccionar o trabalho, ou seja, fios de urdume, fios de trama, enfeites, etc.. Isto vai dar um certo valor.
2) Em seguida, some o que você considera um valor justo por seu trabalho. Quanto custa sua hora de trabalho? Quanto tempo você levou para fazê-lo? Horas trabalhadas fazem parte do custo e cada pessoa sabe muito bem quanto vale seu esforço.
3) Agora, você tem que considerar um valor para o desgaste, manutenção e depreciação dos seus equipamentos, afinal isso também faz parte do custo da peça executada. Some esse valor à quantia anterior.
4) Finalmente, sobre essa soma obtida nos itens anteriores (que é o custo do seu trabalho) acrescente uma porcentagem de lucro (o que você acha justo como lucro?) e obterá o preço final.
Como você pode ver chegamos a um valor subjetivo. Cada artista e cada pessoa pensa de uma forma diferente. Portanto o que é justo para o artista pode não ser para o consumidor. O único jeito é você colocar seu preço e sentir-se seguro quanto a isso.
B) Entretanto, existe uma método bastante simples de fazer seu preço: multiplique por 4 o valor do custo do material; depois faça um reajuste, se achar que ficou caro demais ou barato demais.
Exemplo: Se você gastou R$100,00 (cem reais) nos materiais, o preço de venda ficaria R$ 400,00. Achou caro demais? Então reduza no início e vá aumentando aos poucos até atingir um valor satisfatório.
Essa forma eu aprendi com minha professora de tear há muito tempo atrás. Eu a utilizo normalmente e sei de muitos tecelões que a usam também. Tem dado certo.
C) Outro modo de colocar preço é pesquisando os preços de seus concorrentes e fazer parecido.
Pessoalmente eu acho arriscado a terceira opção, porque vai depender dos materiais que estão sendo usados pelos artesãos concorrentes. Acredito que a primeira opção é mais racional, mais "na ponta do lápis".
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