by Roberto M. 
A palavra crochê é derivada do francês 
crochet que significa “gancho” e é assim que se costuma chamar 
a técnica de tecer no Brasil, nos Estados Unidos, na França, na Bélgica, na 
Itália e nos países de língua espânica. Por outro lado, a habilidade é conhecida 
como haken na Holanda, haekling na Dinamarca, 
hekling na Noruega e virkning na Suécia.
Já a origem da técnica é meio nebulosa. O crochê tem uma 
origem incerta.
 Outras formas de trabalhos manuais, como o tricô e o bordado, podem ser datados muito para trás no tempo, graças a achados arqueológicos, fontes escritas e representações pictóricas de vários tipos.
Mas ninguém sabe ao certo quando e onde o crochê teve o seu início.
São muitas as teorias e versões existentes. Vamos ver a seguir muitos fatos e curiosidades que envolvem esse tradicional modo de tecer.
Acredita-se que o crochê possa ter vindo do Egito, da China, das Arábias ou, até 
mesmo, de tríbos indígenas da América do Sul.
Segundo a americana Annie Louise Potter, pesquisadora, 
viajante pelo mundo e especialista em crochê: "A arte moderna do 
verdadeiro crochet como o conhecemos hoje foi desenvolvida 
durante o século 16. Tornou-se conhecido como 'Laço do crochet” na França e 
“Rendas em Cadeia" na Inglaterra. E, em 1916 Walter Edmund Roth visitou 
descendentes de índios na Guiana e encontrou exemplos de verdadeiras peças de 
crochet.”
Outra escritora e pesquisadora, a dinamarquesa Lis Paludan, que limita sua 
busca pelas origens do crochet na Europa, coloca-nos diante de 
três teorias interessantes: 
1ª Teoria -  O Crochê teve sua origem na Arábia, 
propagou-se ao leste para o Tibete e ao oeste para a Espanha, de onde seguiu as 
rotas comerciais árabes para outros países mediterrânicos. 
2ª Teoria – Os primeiros indícios de crochê vieram da 
América do Sul, onde teria sido constatado que uma tribo primitiva usava adornos 
de crochê em ritos de puberdade. 
3ª Teoria – Os primeiros exemplos conhecidos de trabalhos em 
crochê vieram da China, onde foram encontrados bonecos tridimensionais 
trabalhados em crochet.
Mas, diz Paludan, que a verdade é que não há nenhuma evidência convincente de 
qual é a idade da arte do crochê ou de onde ela veio. Era 
impossível encontrar evidências de crochê na Europa antes de 1800.
Um grande número de fontes afirma que o crochê teria sido conhecido, por 
volta dos anos 1500 na Itália, sob o nome de "trabalho de 
freira" ou "laço da freira", onde teria sido 
trabalhado por freiras nos têxteis da igreja ", diz ela. 
Em suas pesquisas apareceram exemplos de várias rendas e de uma espécie de 
laço de fita, muitos dos quais foram preservados, mas todas as indicações são de 
que o crochê não era conhecido na Itália há tanto tempo, como o século 16, sob 
qualquer nome que fosse.
Entretanto, é a própria pesquisadora dinamarquesa Lis 
Paludan que nos traz uma das teorias mais convincentes até hoje.
TAMBOUR DÁ À LUZ O CROCHÊ
A pesquisa dela, descrita no livro “Crochet: History e Technique (1995), 
sugere que o crochê, provavelmente, desenvolveu-se mais diretamente do bordado 
chinês, uma forma muito antiga de bordados conhecido na Turquia, Índia, 
Pérsia e África do Norte, que atingiu a Europa por volta de 1700, ensinado por 
freiras, e era chamado de "tambouring", do francês 
"tambour".
Nesta técnica, um tecido de fundo é esticado sobre uma armação (bastidor). O fio a ser trabalho é posicionado por baixo do tecido. Uma agulha finíssima com um gancho na ponta é inserida de cima para baixo e um laço do fio de trabalho é elaborado através do tecido. O gancho da agulha, ainda com o laço, é inserido então um pouco mais longe entrelaçando-se com outra alça e formando a trama de uma renda delicada.
Nesta técnica, um tecido de fundo é esticado sobre uma armação (bastidor). O fio a ser trabalho é posicionado por baixo do tecido. Uma agulha finíssima com um gancho na ponta é inserida de cima para baixo e um laço do fio de trabalho é elaborado através do tecido. O gancho da agulha, ainda com o laço, é inserido então um pouco mais longe entrelaçando-se com outra alça e formando a trama de uma renda delicada.
No final do século 18 e início do século 19, o tambour 
evoluiu para o que os franceses chamavam "crochet no ar”, 
quando o tecido do fundo foi rejeitado e o ponto trabalhado sobre si próprio, 
sem a ajuda do bastidor.
Estava começando a aparecer o Crochê na Europa no início dos anos 1800.
Foi a artesã Eleanor Riego de la Branchardiere que deu o grande impulso nessa 
arte. Ela era conhecida por sua capacidade de tomar projetos de rendas de bilros 
antigos e transformá-los em receitas de crochê que poderiam ser 
facilmente duplicadas. Ela publicou muitos livros para que milhões de mulheres 
pudessem começar a copiar seus projetos. 
Mlle.Riego também alegou ter inventado o "lace-like" crochet, hoje chamado de 
“crochê irlandês”, embora esse título também tenha sido 
requerido por várias bordadeiras da época.
A IMPORTÂNCIA DO CROCHÊ IRLANDÊS
O Crochê Irlandês foi praticamente um salva-vidas para o povo da Irlanda. 
Ele ajudou a tirar da pobreza milhares de pessoas que passavam por dificuldades 
financeiras durante a “fome da batata” gerada pelos conflitos com a Inglaterra, 
que durou de 1845 a 1850. Nessa época, o povo irlandês foi jogado a uma pobreza 
abjeta.
Durante estes tempos, as condições em que viviam e trabalhavam os irlandeses 
eram muito duras. Eles crochetavam entre as tarefas agrícolas e ao ar livre para 
aproveitar a luz solar. Depois de escurecer, eles se tranferiam para dentro de 
casa e trabalhavam à luz de uma vela, um fogo de turfa de queima lenta ou uma 
lâmpada a óleo.
Um lugar para manter seus trabalhos de crochê era problemático, pois muitos 
estavam vivendo em miséria extrema. E, como não tinham nenhum outro lugar, eles 
guardavam o trabalho sob a cama, onde, inevitavelmente era muito sujo. 
Felizmente, a peça de crochê podia ser lavada e seu brilho original 
completamente recapturado. 
Ironicamente, os compradores estrangeiros não sabiam que suas golas e punhos 
delicados tinham sido feitos em habitações primitivas sob condições 
miseráveis.
Os trabalhadores irlandeses, tanto os homens como as mulheres e crianças, 
foram organizados em cooperativas de crochê. 
Escolas foram formadas para ensinar a habilidade e professores foram 
treinados e enviados a todos os locais da Irlanda, onde os trabalhadores foram 
logo criando seus novos padrões próprios. E, embora mais de um milhão de pessoas tivessem morrido em menos de 10 anos, 
o povo irlandês sobreviveu à fome.
As famílias baseando seus ganhos nos trabalhos com crochê, tiveram a 
oportunidade de economizar o suficiente para emigrar e iniciar uma nova vida no 
exterior, levando as suas capacidades de fazer crochê com eles.
Os Irlandeses emigraram para a América: cerca de dois milhões entre 1845 e 
1859, quatro milhões até 1900.
As mulheres americanas, ocupadas com suas tecelagens, tricôs e 
bordados, não poderiam deixar de ser influenciadas para incluir no rol de 
seus trabalhos manuais as habilidades de crochê do seus novos vizinhos.
AS FERRAMENTAS E OS MATERIAIS
Ao longo dos tempos, têm sido utilizados uma variedade imensa de materiais: 
fios de cabelo, gramas, juncos, pelos de animais, peles e tendões de animais, 
cânhamo, linho, lã, ouro, prata, cobre, fios de seda, fios de algodão.
Hoje temos à nossa disposição uma enorme  variedade de algodão, lã, seda 
e fios sintéticos. Podemos, também, crochetar com vários materiais incomuns 
como fios de cobre, tiras de plástico, sisal, juta, retalhos de tecidos, e até 
mesmo pelo de cão.
E sobre a ferramenta de crochet? 
Hoje podemos entrar em uma loja de fios e comprar agulhas de alumínio, 
plástico ou aço disponíveis em mais de 25 tamanhos. 
Em tempos antigos, no entanto, eram usados tudo o que os artesãos pudessem 
ter em mãos: dedos em primeiro lugar, em seguida, ganchos feitos de metal, 
madeira, espinha de peixe, osso de animal, chifre, colheres velhas, dentes de 
pentes descartados, bronze, madre-pérola, concha de tartaruga, marfim, cobre, 
aço, vulcanite, ebonite, prata e ágata.
Na Irlanda, no momento da grande fome (1845-1850), quando pelo menos uma 
pessoa de cada família produzia o finíssimo crochê irlandês, eram usadas como 
agulhas, um fio de arame rígido, inserido em uma cortiça ou em um pedaço de 
madeira ou casca de árvore, com a ponta lixada e dobrada em um pequeno 
gancho
AS COISAS QUE FORAM FEITAS COM CROCHÊ AO LONGO DO TEMPO
Nos primeiros séculos, o homem (e esse era o trabalho do homem) criava seus 
trabalhos manuais para propósitos práticos.
Caçadores e pescadores criavam redes de fibras tecidas, cordões ou tiras de 
pano para capturar animais, peixes ou aves. 
O trabalho manual foi expandido para incluir decoração pessoal nas ocasiões especiais, como ritos religiosos, festas, casamentos ou funerais. Pode-se ver cerimoniais com ornamentação e enfeites com peças tipo crochê e trajes decorativos para braços, tornozelos e pulsos.
O trabalho manual foi expandido para incluir decoração pessoal nas ocasiões especiais, como ritos religiosos, festas, casamentos ou funerais. Pode-se ver cerimoniais com ornamentação e enfeites com peças tipo crochê e trajes decorativos para braços, tornozelos e pulsos.
Na Europa do século 16, a realeza e os ricos derramaram-se em guarnições de 
rendas (vestidos, jaquetas, chapéus) mas, para os povos pobres, vestir-se com 
esses adornos só acontecia em sonho. Então, é de se supor que, o crochê foi 
desenvolvido como imitação da renda do rico e se tornou a renda dos pobres.
Avançando aos tempos vitorianos, as receitas de crochê começaram a ser 
utilizados para fazer suportes de vasos de planta, tampas de gaiola de pássaro, cestas 
para cartões de visita, cestos de papéis, toalhas de mesa, capas para proteger 
cadeiras, bolsas de tabaco, bolsas, bonés e coletes masculinos, até mesmo um 
tapete como aquecedor de pés para ser colocado sob a mesa de carteado.
De 1900 a 1930 as mulheres também se ocupavam crochetando, tapetes de 
descanso, tapetes de trenó, tapetes de automóveis, almofadas, protetores e 
enfeites para bule e garrafa de água quente. 
Foi durante este tempo que o suporte/aparador de copos e panelas fez sua 
primeira aparição e se tornou um dos principais produtos do repertório das 
crocheteiras.
Agora, é claro, vale tudo. Na década de 1960 e 1970 o crochê decolou como um 
meio de forma livre de expressão que pode ser visto hoje em esculturas 
tridimensionais, artigos de vestuário, ou tapetes e tapeçarias que retratam 
desenhos de cenas abstratas ou realistas.
TÉCNICAS DE ONTEM E DE HOJE
É interessante comparar os métodos de crochetar do passado com os que usamos 
hoje. 
No período 1824-1833, por exemplo, segundo documentado na revista 
holandesa “Penelope”, tanto o fio quanto a agulha eram mantidos na mão direita e 
o fio era passado sobre o gancho da agulha com o dedo indicador direito. 
Já, os livros de crochê de 1840 mostram a agulha sendo segurada na mão 
direita e o fio na mão esquerda, como as pessoas destras fazem hoje.
Uma publicação alemã de 1847, indicou que deve-se sempre "manter a mesma 
tensão, tanto no crochê ralo como no crochê denso, caso contrário, uma textura 
atraente nunca será alcançada. Além disso, se o trabalho não for redondo, 
deve-se quebrar o fio no final de cada carreira, uma vez que isto daria um 
acabamento mais fino para o produto. "
As receitas de hoje, graças a Deus, usualmente nos instruem a trabalhar ambos 
os lados, o avesso e o direito do crochê que estamos criando. Esta mudança 
ocorreu na virada do século 20.
A pesquisadora Lis Paludan especula que a advertência para manter a mesma 
tensão "parecia sugerir que as agulhas de crochê fossem da mesma espessura e 
que era esperado que o crocheteiro trabalhasse na tensão correta de acordo com a 
receita."
Instruções de receitas antigas, que datam por volta de meados 
de 1800, mostram que a agulha era para ser inserida apenas na metade de trás da 
laçada, usando um único ponto de crochê, salvo indicação em contrário.
Jenny Lambert, um europeu, escreveu em 1847 que a inserção do ponto de 
crochê único na metade de trás da laçada do ponto era útil para fazer caminhos 
de mesa e etc., mas inserir a agulha através de ambas as laçadas poderia ser 
usado "para crochetear solas para sapatos e outros artigos que têm de ser mais 
espesso do que a média, mas a técnica não era adequada para os padrões da época. 
"
Hoje, é claro, a menos que dito para fazer o contrário, automaticamente 
insere-se a agulha através de ambas as laçadas.
Fontes: 1 - A Living Mystery, the International Art & History of Crochet 
- Annie Louise Potter, A.J. Publishing International, 1990
           2 - Crochet History & Technique - Lis Paludan, Interweave 
Press, 1995. 
           3 - History of Crochet by Ruthie Marks - Acessado em 05/07/2016
 



Olá Boa noite, preciso muito de sua ajuda. Sou estudante de moda e preciso de fontes teóricas (Livros)em relação a história do crochê. Você poderia indicar fontes? Grata, Ariane n. Cruz
ResponderExcluirOlá Ariane,
ExcluirSe você olhar no final do texto que escrevi, existe a indicação das fontes que utilizei. Veja que existem dois livros, em inglês, citados, com a editora e o ano de publicação. Talvez, possam ajudá-la.
Adorei esta postagem, super interessante.
ResponderExcluirUm dos artigos mais completos que já li sobre a arte do croché. Obrigada por compartilhar.
ResponderExcluirmuito boa esta reportagem sobre o crochê, faço desde os 9 anos e gosto muito para mim e um robe, faço crochê a 53.
ResponderExcluirGostei da Pagina dá um boa Reportagem sobre crochê de hoje e quando tudo começou vale a pena saber sobre essa arte milenar
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